domingo, 30 de outubro de 2011

O Professor ( Adaptada )

Ele ainda buscou as palavras, mais uma vez, mas não havia outro jeito de dizer.

- Lua... Você está grávida. - ele assistiu os olhos dela arregalarem-se assim como os seus devem ter arregalado quando Márcia lhe contou - Vamos ter um bebê - ele emendou.

- O que? Nós... Não.... Não é possível

- Ah não Lua, nem vem, é muito possível. - ele falou calmo, porém em tom de repreensão.

- Como isso foi acontecer - ela perguntou perdida e ele riu da pergunta.

- Tem certeza que não sabe?

- Estou falando sério Arthur. - ela disse assumindo o tom pratico de sempre.
- Eu também estou querida. Você sabe perfeitamente bem que há muitas possibilidades de ter acontecido. Vamos lá Lua, transamos como loucos nestes últimos meses, e muitas vezes esquecemos a proteção. Vamos ter um filho.

Ela fechou os olhos com força.

Iria ter um filho de Arthur.

Como os sentimentos podiam embaraçar-se tanto dentro dela.

Estava idiotamente feliz e amedrontada.

- Mas... isso... Isso...Muda tudo. - ela disse perdida.

Era à hora, a hora de contra atacar.

- Sim, muda. - ele pegou sua mão. Seria rápido e indolor.
- Lua - ele respirou fundo - Nós vamos nos casar.

Ela arregalou ainda mais os olhos e puxou a mão num impulso.

Casar? Casar? ela não podia acreditar.

Casar...

Um mês antes ela daria tudo o que tinha para ouvir aquilo... amava Arthur. Amava-o com loucura, mas casar por causa de um filho... Aquilo não estava certo. Era até imoral, era ofensivo. Os hormônios típicos da gravidez agitaram-se e ela protestou irritada.
- Você ficou louco?

O coração dele saltou. Ela não o queria mais? Era isso?

- Não podemos nos casar.

Aquilo o atingiu como um soco na face. O ciúme o corroeu, Pedro foi a primeira imagem que lhe veio a cabeça;

- E por que não? Você está grávida. - ele disse atrapalhado, tentando se apoiar em algo.
E dai? - ela retrucou irritada - Um filho não é motivo para casar. - Ela deixou a raiva dominá-la. - O que quer dizer com isso? Que ainda vive na era em que mães solteiras eram queimadas vivas? 

- Eu não disse isso, eu disse... Você não vai ser mãe solteira.

ele rebateu.

- Não é você quem decide isso.

Ela revidou.

Ele ficou nervoso.

- Você está esperando um filho meu Lua Blanco, tem que casar comigo.
- Não me diga! - Ela virou com sarcasmo - È mesmo? Onde está a lei que diz que eu sou obrigada a casar com você Arthur Aguiar?

- Não me venha com papo de advogado agora. Nosso filho merece uma família.

Era o suficiente. Então ela explodiu.

- E EU MEREÇO SER AMADA. Não vou casar por obrigação Arthur. Não vou casar por que você vive na idade da pedra.

Ele abriu a boca duas vezes tentando digerir aquilo tudo.

Então era isso...
Sim, como podia ter sido tão idiota e tão insensível.

- Estou cansada de tudo isso. Estou mesmo cansada desta merda toda!

Ele arregalou os olhos. Ela falara mesmo merda, bom aquilo era sinal de problemas, Lua não se descontrolava a toa, aquilo era sinal de encrenca mesmo.

Ele ficou perplexo. E excitado. Ou não seria Arthur Aguiar.

- Lua...
- Não! - ela o interrompeu. - Não me venha com Lua... Já chega disso. Estou passando o inferno nos últimos dois meses apenas por que cometi a insanidade de me apaixonar por você seu mauricinho arrogante. Já chega. Ok? Eu cometi um erro, sim, cometi. Eu descobri que você não tinha nada com aquela vaca da Rayana Carvalho e me senti uma idiota completa, mas isso não dá o direito de você pisar no que eu sinto. E se me senti tão magoada por achar que você estava dormindo com uma cadela qualquer era em função deste amor doentio que eu deixei crescer dentro de mim.

Ela falava rápido e ele ficava mais e mais pasmo com cada letra que saia da boca dela.

- Isso dói sabia Arthur? Dói muito. Sufoca... Você sabe o que eu passei imaginando que quando aquela proposta ridícula chegasse ao fim eu teria de dizer adeus? Você tem noção? - ela não o deixou responder. - Eu amo você, droga. Não vou me casar para ter sua piedade, isso não é justo comigo. 
- Lua... - ele tentou de novo, agora com o coração batendo na boca. - Ouça...

Ele tentou tocá-la mas ela se afastou.

- Não! Eu não vou ouvir. Não quero ouvir. Já basta não agüento mais isto. Não agüento...
A frase morreu. Na boca dele... que acabara de cobrir a dela, naquela maneira única de fazer Lua Blanco perder o rumo das palavras

Ela abandonou-se, perdida no gosto único dos lábios do homem que amava, embora fervesse d raiva, a necessidade que tinha dele era ainda maior.

Quando ele a sentiu mole e relaxada o suficiente para que não retrucasse. Largou a boca dela, mas manteve o rosto a centímetros do dela.

- Você me ama?

Perguntou, contrariando a vontade que tinha de dizer a ela de uma vez que era correspondida, precisava ouvir de novo.
Ela cerrou os olhos, irada pelo sorriso que desabrochara no canto da boca do ruivo, mas as palavras saltaram como se ela não tivesse controle próprio.

- Amo. Amo Arthur, mais do que deveria. Mesmo sabendo que é loucura. Eu amo você.

Ele sorriu ainda mais abertamente e a beijou de novo.

Depois largou-a afastando-se, andando em círculos, como um louco.

- Você me ama. Você me ama. 

Ele repetia andando.

Arthur parecia a ponto de surtar.

Então tão de repente quanto havia se afastado dela, ele andou até o outro lado da sala. Baixou-se para cochichar algo no ouvido de uma senhora deitada no outro leito.

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