domingo, 30 de outubro de 2011

O Professor ( Adaptada )

Ela tentou dizer a si mesma que devia esperar por isso, eles não tinham um compromisso. Não era por que ela tinha sido idiota em se apaixonar que ele faria o mesmo. Não deveria ter se magoado tanto.

Sentiu uma pontada no estomago, vinha sentindo-se muito mal na ultima semana, mas a chegada da menstruação sempre lhe causava dores e enjôos. Além de uma irritação maior nos dois primeiros dias. Como haviam acabado de chegar suas regras, ela estava mais irritada e arredia naquele dia em questão.

Maldito Arthur, por que tinha que ter terminado desta forma. Será que ele não podia ter esperado mais alguns dias?
De que adiantaria ele esperar? Iria sofrer de qualquer modo
Uma lagrima rolou de sua face e ela baixou a cabeça soluçando.

Amava-o, mas a dor de ser trocada era algo cruel. “Olhos lindos” foi a pior parte quando ouviu a mulher se referir ao seu apelido. Ao nome carinhosos que até então era só dela.

Algo de si havia se perdido naquilo tudo.

Seu telefone tocou e ela atendeu.

“Sim Marie?”

“Lua, quero lembrá-la do baile de caridade, hoje a noite. Não pode faltar”.

- Ah não – ela gemeu desgostosa.

- Lua, o Grupo Maldonado estará lá, você não pode perder isso.

Ela fez uma careta.

- Certo, não esquecerei. 

- Ah Lua...Pedro ligou...de novo.

- Que droga – ela disse baixo 

- Ele está insistindo muito, o que digo pra ele?
- Diga que eu o mandei pro inferno e que pare de me ligar ou vou me queixar com o John.

Marie sorriu perceptivelmente do outro lado da linha.

- Certo.

- Obrigada Marie... Ah Marie... Vou sair mais cedo hoje ok? Transfira tudo o que eu tiver para segunda feira.

- Sim. 

- Obrigada.

Contrariada ela pegou a bolsa. Teria que comprar um vestido. Seria muito bom se pudesse comprar uma alma nova.

Arthur andava de um lado para o outro sem saber o que fazer. Acabara de ouvir ma mensagem de Mel na secretária eletrônica.

“Acho que gostaria de saber que Lua vai ao baile de caridade do grupo Maldonado esta noite. E que Pedro estará lá. Um dos dois tem que abrir Mão do orgulho Arthur”.

A mensagem era curta e direta.

Ele franziu o cenho. Lua estava magoada por acreditar que ele a traíra. Ele estava magoado pelo mesmo motivo. Ela acreditara na armação. Um dos dois teria que ceder, mas por que teria que ser ele e não ela? era inocente não era?

Andou até o quarto em passadas largas e duras e abriu o closet com violência. Viu um smoking que comprara em madeira enquanto estivera lá com ela.

Com ela. Uma semana incrível ao lado dela.

Tirou a peça do cabide e jogou em cima da cama. Rangeu os dentes com raiva. Não iria a lugar nenhum, e se ela quisesse se jogar nos braços do pervertido do Pedro esta noite que o fizesse.

Furioso, ele saiu do quarto batendo a porta.

As horas se passaram e ele continuava sentado lá, olhando o relógio. Imaginando a que horas Pedro chegaria. Quanto tempo levaria para seduzi-la, envolve-la. Pra onde a levaria depois da festa. A casa dele? A casa dela?
Sabia que antes de dele Pedro compartilhara aquela cama com ela, mas agora era diferente. Ele não podia aceitar que nem Pedro, nem qualquer outro tocasse sua Lua de novo. Deitasse ao lado dela como ele fazia. Aninhasse-a contra seu corpo, sussurrasse palavras doces, observasse o lindo cabelo castanho espalhado no travesseiro.

Não podia.

O ódio que sentia ao sequer imaginar as mãos brancas e mal feitas de Pedro sobre ela era maior que a frustração do ego ferido.

Em dois meses ele transformara Lua em sua. Sua mulher. E isso não mudaria.

Ele levantou decidido colocando o orgulho no canto mais escondido da mente e rumou para o quarto.

Iria ao baile. Acabaria com Pedro, arrastaria Lua, mataria os dois. Mas ela não seria dele de novo.
O grupo Maldonado era um dos maiores grupos de advocacia do mundo. Estavam habilitando um empresarial de luxo em Londres e contratando jovens advogados promissores. 

Lua almejava ser parte deste grupo.

Por isso, e só por isso iria aquela festa. Sorriria para as câmeras e fingiria estar tudo bem. O fundador do Grupo era uma lenda. Conseguira firmar-se como um dos maiores nomes do direito com apenas 36 anos e era reconhecido por ser um homem inteiramente da lei. Implacável dentro e fora dos tribunais.

Mas Diego Maldonado não compareceria a festa de sua empresa. Sua esposa Roberta estava prestes a dar a Luz e sua reputação como pai de família era ainda maior do que a de Advogado. Em seu lugar estava o irreverente e igualmente brilhante Tomás Maldonado, seu irmão mais novo. Este seguia os passos do irmão e estava indo muito bem. Tomás estava liderando as contratações do grupo e como estaria pessoalmente no baile, seria uma chance e tanto para Lua.
Ela passeava pelo salão no meio de pessoas importantíssimas. Deveria estar empolgada. Em menos de meia hora, seu chefe Vicente Pires, já a tinha apresentado aos maiores figurões da Advocacia mundial, entre eles o próprio Tomás Maldonado, que garantiu estar impressionado com o talento dela e prometeu levar seu nome até Diego, afim de contratá-la.

Lua praticamente garantira o contrato que mudaria sua vida, seu nome e sua carreira, mas isto não estava importando. A verdade é que não conseguia tirar Arthur da cabeça. Sempre que se lembrava dele sentia-se quente. Era impossível esquecer tudo o que havia desfrutado em sua companhia. Com Arthur conhecera o real significado da palavra prazer.
Aprendeu tudo sobre o próprio corpo e como alimentá-lo. Neste instante enrubesceu lembrando-se do dia em que se tocara ao telefone e em como Arthur a fizera repetir os movimentos na sua frente numa das vezes em que fizeram amor. Não havia limites com ele. Tudo era extremo.

As mãos de Arthur a levavam a loucura, os beijos dele tiravam sua sanidade. Ela estava desesperada. Desesperada de paixão, de desejo, de saudade, de amor. 

Chegara várias vezes a quase desistir do orgulho e perdoá-lo. E aceitá-lo do jeito que fosse, com ou sem amantes. Mas seus princípios não aceitavam tal humilhação. Mas de qualquer forma ela estava dilacerada.

A taca de champagne nas mãos estava intocada. Tudo fazia lembrar aquele maldito moreno e sua arte de amar. Lembrou-se do cassino e do champagne no corpo enquanto ele sugava cada ponto sensível do seu corpo.
Seu estomago se revirou e ela sentiu uma pontada de cólica. Maldita menstruação!

Lua quase derrubou a taça de champagne quando sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se rapidamente para dar de cara com Pedro.

- Está linda – ele disse sem lhe dar chance de dizer qualquer coisa.

Ela suspirou e agradeceu baixo.

- Gostaria de dançar comigo Lua?

Se tudo isto estivesse acontecendo três meses antes, sim ela adoraria. Pedro estava muito bonito em seu terno italiano. Mas agora ela não sentia a menor vontade de ficar perto dele.
Seu estomago revirou em uma cólica violenta e ela sentiu um bolo ser formado em sua garganta. Não bebera, mas sentia-se enjoada. O perfume Francês que Pedro usava era totalmente detestável as suas narinas.

Lua nunca imaginou que uma dança pudesse durar tanto tempo. Tudo o que queria era soltar-se daquele homem e ir embora para casa chorar sua dor sozinha.
Maldito Arthur que não saía da sua cabeça nem do seu coração. 

Podia ouvir a voz rouca e sarcástica, podia sentir seu cheiro. Era como se ele estivesse ali, bem perto dela. Estava definitivamente ficando louca. Ou não?

- Tire as mãos de cima dela antes que perca os dedos.

A voz rouca de Arthur realmente ecoara naquele salão. De maneira seca e ameaçadora, mas era ele.
Vestido num imponente terno preto, feito sobre medida, moldado perfeitamente o corpo generoso que ele tinha. Os cabelos morenos tinham um tom de castanho mais escuro, pois estavam molhados e penteados para trás.
Perfeição, era a palavra que ela usaria para a imagem que viu. Se não estivesse tonta demais com a situação.

Sem chamar a atenção dos convidados Pedro parou a dança e virou-se para ela, ainda segurando Lua pela cintura. Ela estava atordoada demais para se soltar.

- Acho que tem problema de audição Pedro, então vou repetir. Tire as patas sujas d cima da minha mulher, ou eu irei arrancar seus dedos um a um com meus próprios dentes. E talvez eu queira levar seus dentes como bônus também.

Pedro tremeu. Aprendera de maneira bastante dolorosa que Arthur não era homem de promessas vãs, mas ainda assim, sentindo-se seguro pela multidão que os cercava, ele empinou o queixo.
- Pedi a dama educadamente que me cedesse uma dança e ela aceitou, não estou fazendo nada de errado.

Arthur aproximou-se mais e Lua sentiu as pernas fraquejarem sob o olhar assassino que ele tinha.

- Você ter nascido foi o grande erro Pedro, agora quanto a sua educação, estou pouco me lixando para como você pediu e como ela aceitou. Quando a mulher é minha a permissão quem dá sou eu. E eu não me lembro de ter lhe deixado tocar na minha mulher. Agora vou repetir uma ultima vez. Largue-a.

- Você pode ser bruto Aguiar, mas não teria coragem de...

Pedro não terminou a frase, pois neste momento sua boca estava tentando abafar um gemido de dor causado pela torção que Arthur deu em sua mão. O moreno havia puxado a mão que Pedro segurava a cintura de Lua e torcido para trás.

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