terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Professor ( Adaptada )

Foi com esta certeza que Arthur comprou na joalheria do Resort um solitário de diamantes lidíssimo para ela. Guardaria consigo esperando pelo momento exato de pedir sua mão.

Um momento só deles, onde não tivesse Pedrita, processos e nem problemas.

Ele sorriu ao imaginá-la de noiva. De branco, subindo no altar do St. Patrick. Ah sim, ela não merecia menos que isto.

E a lua de mel? Bom, ele faria a lua de mel ser inesquecível. Faria amor com ela três, quatro vezes todos os dias, sabia que podia amá-la 24 horas e nunca se cansaria.

Arthur foi desperto de seus pensamentos quando sentiu a mão fina e delicada de Lua em seu ombro. Virou-se para ela com o maior dos sorrisos.

Ela lhe sorriu também e ia falar algo, mas ele não permitiu, simplesmente agarrou-a e apertou contra si durante alguns segundos antes de arrebatá-la num beijo excepcional.

Ela correspondeu na hora, atando-se a ele como se fossem duas peças de encaixe perfeito.

"Deveria se trocar, a sessão começa em meia hora" - ela disse sorrindo entre o beijo.

ele sorriu.

"O cinema é há alguns metros daqui, não se preocupe.

As mãos ágeis e bobas de Arthur já passeavam em torno do corpo esguio dela procurando uma brecha nas roupas para invadir.

"Não Arthur..."

Ela disse quase sucumbindo, mas não queria mesmo perder o filme, queria fazer este passeio ao lado dele. Sabia que podia parecer idiotice, mas gostava de sonhar com fantasias românticas e fingir de vez em quando que Arthur era mesmo seu namorado.

Tomando forças nisso ela se afastou.

"Pode parar seu moreno folgado e libertino, vamos para o cinema já".

Ele arqueou a sobrancelha.

"Você fica ainda mais gostosa quando está assim mandona".

Ela sorriu corada e mostrou a língua.

"E você gosta quando eu sou libertino".

Ele sussurrou na orelha dela quando enlaçou sua cintura e saia com ela do quarto do hotel.

Ele sussurrou na orelha dela quando enlaçou sua cintura e saia com ela do quarto do hotel.

Ela riu pelo nariz.

"Gosto mesmo".

A noite foi mais que agradável, mais para Lua que para Arthur.

Podia parecer loucura, mas ouvi-la dizer ao saírem do hotel que gostava quando ele fosse libertino assaltou seus sentimentos e o fez arder de desejo.

Agora estavam ali, no cinema que nem estava tão escuro assim, devido ao filme ter muitas explosões e luzes fortes.

Lua olhava atentamente a tela, onde passava mais um das dezenas ou centenas do gênero, que falam sobre o armaggedon.

Arthur se remexia, inquieto pelo desejo evidente, que por mais que ele tentasse se concentrar, não sumia, bastava olhar para Lua e ele se sentia em chamas.

Foi numa determinada cena onde apareceu um casal que fora tragado pelos desastres naturais enquanto dormiam abraçados que veio a gota dágua para ele.

Lua virou se sussurrou no seu ouvido, como se o quisesse torturar.

"Eu morreria feliz, se morresse fazendo amor com você".

Pronto, aquilo acabou com toda e qualquer resistência que ele impunha em não agarrá-la ali.

Arthur enfiou a mão em seus cachos loiros bem feitos e virou seu rosto para si.

"Juro que te compro este DVD"

Em seguida a beijou com uma força revigoradora.

Lua sentiu amolecer quando a língua dele a invadiu daquela forma e em segundos pegou fogo junto com ele.

"Sinto muito, sinto muito mesmo - ele sussurrou - Queria agüentar até chegarmos ao hotel, mas não posso".

"Arthur..."

"Vou sair primeiro Lua, siga até os banheiros em alguns minutos e pelo amor de Deus, não demore".

Ele não esperou que ela respondesse, simplesmente beijou-a, levantou e saiu.

Lua sentiu queimar como um vulcão ao ouví-lo dizer aquilo, o que Arthur estava pretendendo? Transar com ela em um cinema? Ok Ok, era o cinema do irmão dele, mas isso não justificava...E então ela percebeu que pouco importava que justificasse ou não. Levantou como uma bala e saiu por entre as fileiras rumando para os banheiros. As pernas bambas e trôpegas, a respiração ofegante além dos limites do normal.

Ela mal passara da porta de proteção dos banheiros quando o sentiu agarrar sua cintura com força, quase desespero. Não reclamou, não podia. Apenas enlaçou o pescoço dele com as mãos e o beijou avidamente.

Sentia-se como uma adolescente cheia de hormônios mal resolvidos e sabia que Arthur devia se sentira da mesma forma, mas ali, debaixo da boca deliciosa que a atormentava maravilhosamente, ela queria mais que as conjecturas fossem ao inferno.
Sentiu-se ser recostada a parede de maneira brusca e ardeu. Ficou confusa com as reações do próprio corpo, pois nunca se imaginara ser tão masoquista, nunca imaginou que a dor pudesse lhe dar tesão

“Não podemos fazer isto aqui Arthur...”

Ela disse quase num sussurro louco.

“Não podemos e nem vamos – ele respondeu – Não aqui”

Sem mais palavras, ele a arrastou para uma porta. Era um escritório, provavelmente usado por Micael. Viu Arthur trancar a porta cm rapidez e avançar para ela.

A pressa era recíproca.

Mal ele encostou nela e ela sentiu as mãos dele por toda a parte, mãos grandes, quentes, experientes.

Alguns segundos e ele já a havia despido quase por completo.

Também não restavam muitas roupas no corpo de Arthur para que ele pudesse reclamar vantagem. Lua lhe imitava os movimentos, deixando que suas mãos contornassem todos os músculos bem definidos do corpo dele, arrancando gemidos roucos e altos.

Ele a amava, ela o amava, não conseguiam se declarar e por isso não conseguiam chegar a um consenso sobre a magnitude daquelas sensações, não era só sexo, não era só luxuria, por isso era tão intenso, só faltava que descobrissem.

A Lua só restava a peça intima inferior, o resto já havia sido devidamente arrancado, Arthur já não era coberto por absolutamente nada.
Ela o afastou com as duas mãos e parou para observá-lo. Era lindo, magnífico.
O brilho dos olhos dela era tão perigoso quanto sedutor, o que fez Arthur grunhir como um animal e puxá-la para si de novo.

Estendeu Lua sem qualquer cuidado sobre o imenso sofá do escritório e levou as mãos a calcinha dela, forçando o elástico.
Ela segurou a mão dele e com um ar zombeteiro indagou:

“Por que você simplesmente não pode retirá-la agora?”

Ele sorriu.

“Por que eu gosto de arrebentá-las e sei que você também gosta”

Com mais um grunhido ele rasgou o pano fino.

Ele tentou, ele realmente tentou acariciá-la, beijou seus seios por alguns segundos, mas não agüentou mais que isso. Ultimamente vinha sendo assim, um desejo desesperado, intenso e desmedido, que em vez de ser aplacado pelas intermináveis horas de amor que compartilhavam, apenas aumentavam mais e mais.

Lua não o ajudava muito ronronando daquela forma, apertando-o daquela forma, arranhando-o e pedindo avidamente por mais.

Ele mergulhou sobre ela e ela o recebeu com as pernas enlaçadas ao redor de sua cintura. Em instantes, ele estava em seu interior quente, movimentando-se como um louco, leus lábios avermelhando a pele branca dela, seus dentes arranhando a pele macia.

Lua também estava fora de si. Arqueou para recebê-lo mais forte.
Nenhum dos dois falou qualquer coisa, nada absolutamente nada. Não havia nada além do som dos gemidos abafados e roucos, do roçar das peles suadas.
Ela sentiu a tensão tão familiar no ventre e retesou, recebendo mais dele, mais do que podia suportar.

As sensações então entraram em harmonia, quando ambos cegaram e ensurdeceram para o resto do mundo, apertaram-se mutuamente e se entregaram a um clímax poderoso ao mesmo tempo.

Foi tão intenso que durou longos minutos, ambos gemeram alto e continuaram se movimentando enquanto sentiam as delicias do ponto mais alto do prazer se alastrando e volta deles.

Lua achou que estava derretendo, pois todos os seus músculos relaxaram quase que instantaneamente.

Longos minutos depois, ele rolou para o chão, ela veio em seguida.

“Lua...Eu...”

Ela entendia o que ele queria dizer.

“Também não sei explicar Arthur, também não sei, mas é fantástico não é?”

Ele apenas sorriu.

“Não preciso de explicações”. – ela disse aninhando-se aos braços dele.

Arthur fechou os olhos, tentando recuperar o ar. Teriam que sair dali em alguns minutos, mas ela, ele tinha certeza, não sairia mais de sua vida. Não mesmo.

Como tudo o mais que é bom, a estadia em Madeira também encontrou seu fim.

Lua não podia dizer que não havia aproveitado bastante a viagem, mas ela certamente escolheria ficar um pouco mais no local se pudesse.

No último dia de hospedagem, Arthur e ela fizeram amor por tantas vezes e de tantas formas diferentes que durante o vôo foi até possível manter o moreno em seu lugar, embora ele fosse muito persistente e muito bem sucedido na arte de manipular as sensações e os sentimentos das pessoas.

Fora o que fizera com ela, concluiu Lua, depois de se despedir dele, antes de subir para seu apartamento. Ele a manipulava, a controlava de certa forma que ela perdia toda a razão, a vontade própria e a moral.

Assustou-se ao perceber que não se importava de perder nada disso se fosse o preço para ter Arthur ao seu lado.
Não só por dois meses, não só durante essa ridícula proposta de vingança. Mas, para sempre.

Desde que haviam voltado para casa, desembarcado do avião, para se dizer com mais precisão, ainda não haviam se desgrudado, Arthur estava todo cheio de cuidados, de carinhos e gracejos e ela se sentia no céu com isso, como se fossem realmente namorados, perdidamente apaixonados um pelo outro.

Ela só tinha duas certezas, a primeira era que ela sentia isso tudo por ele e a segunda era que ele não a correspondia da mesma forma.

Como poderia? Como ele poderia amar de forma tão intensa alguém como ela?

Ao pé do edifício onde morava, Arthur lhe dera uma triste notícia.

"É uma viagem rápida, apenas três dias. Vou a negócios" Ele lhe balbuciava, como se não quisesse tocar no assunto. "Volto correndo para os seus braços, olhos lindos"

Mas, a verdade era que Arthur precisava se ausentar três dias para preparar uma surpresa para ela, onde, enfim, pediria sua mão em casamento.

“É uma mentira do bem” Ele dizia para si mesmo, rindo por dentro “Vai valer a pena, loira! Espere só!”

E os três dias se passaram e Lua sentia-se cada vez mais sufocada, mais angustiada e absurdamente desejosa. Queria Arthur com ela, precisava de Arthur com ela e não suportava mais a idéia de viver com ele, nem sequer conseguia cogitar essa possibilidade.

No dia marcado para o retorno dele, Lua acordara cedo, fora trabalhar antes do horário e ficara o dia inteiro desatenta, aérea, olhando o relógio de instante em instante.

Ao final do expediente praticamente saiu correndo do edifício do trabalho, gaguejando um cumprimento rápido à secretária e à Pedro que passava em frente à sala dela bem na hora.

Lembrava-se do que Arthur dissera: “Pode me esperar em casa no terceiro dia, meu porteiro te deixará entrar”
De fato, o porteiro já a conhecia e sorriu para ela como se já a estivesse esperando.

Entrou apressada ao apartamento dele, inspirando o ar com força, o lugar estava carregado com a fragrância dele e Lua percebeu com um sorriso de satisfação, que também havia um pouco de si mesma naquele pequeno lar.

"Vou preparar sua comida favorita" Disse empolgada para as paredes e seguiu para a cozinha.

Ascendeu o fogo e colocou uma panela com água e óleo para esquentar e começar a fazer o macarrão quando o telefone começou a tocar uma, duas, três vezes.

Insegura e alarmada, Lua demorou-se no dilema entre ficar de olho nas panelas do jantar surpresa de Arthur ou atender ao telefone que, afinal, podia ser importante, podia até mesmo ser ele! Sabendo que ela já estaria ali.

Com esse pensamento, não se conteve e correu para a sala, quando chegou ao cômodo a mensagem da secretária eletrônica de Arthur já estava no final.

"...Logo após o bip."

Lua hesitou e estendeu a mão ao telefone, até que ouviu o começo da mensagem e estarreceu.

"Oi Arthur, aqui é a Ray, Rayana Carvalho, você não se esqueceu de mim, não é?Bom, eu acho que não, afinal você repetiu tanto esse nome ontem, não foi moreno? Foi tão inexplicável pra você quanto foi pra mim? De qualquer forma, estou ligando para agradecer pelas maravilhosas horas de prazer que compartilhamos ontem, amor. E que seu apelido carinhoso ainda está me fazendo rir que nem boba. Nunca ninguém havia me chamado de olhos lindos, acredita nisso? Me liga quando chegar em casa, tá? Estou morrendo de saudade, beijinhos da sua deusa."

A linha caiu e Lua foi junto com ela.

Desabou, simplesmente deixou-se afundar no sofá, com o rosto entre as mãos, os olhos cheios de lágrimas, ultrajada, usada, suja e...Ordinária, Lua sentia-se terrivelmente comum, obsoleta.

Nesse exato momento, Arthur entra pela porta do apartamento, descontraído, seus olhos a encontram, sentada no sofá, mas ele parece não perceber o estado de espírito dela.
"Olhos lindos!" Arthur exclamou, sorrindo.

Foi a gota que fez a água do balde de Lua transbordar.

Lua levantou do sofá, trêmula de raiva, de frustração, de humilhação. Só então Arthur percebeu que havia algo errado.


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